Amazônia, combustíveis fósseis e saúde planetária: por que o futuro não espera

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Em meio à maior emergência climática de nossa era, surge uma pergunta que parece contraditória: por que discutir a realização da COP 30 na Amazônia enquanto a exploração de petróleo avança na Foz do Amazonas? A resposta está na tensão entre um símbolo mundial de transição ecológica e as práticas extrativistas que ameaçam não só o bioma, mas a própria saúde global.

O ponto de não retorno já começou

Segundo dados recentes do IPCC, a temperatura média global ultrapassou 1,5 °C em março de 2025, e se aproxima de 1,6 °C . O professor Herton Escobar lembra que, na ausência de entendimento público, “prosperam o negacionismo, a desinformação e o retrocesso”. No coração desse debate, a Amazônia (que regula chuvas, abriga 20% da água doce superficial do planeta e influencia o clima mundial) corre risco de entrar em colapso.

As consequências vão além da perda de espécies. O avanço de áreas de extração de petróleo e gás acirra processos erosivos, pressiona populações tradicionais e cria condições para a proliferação de vetores de doenças. Essa equação de emissões, destruição de habitat e insegurança alimentar se reflete em impacto direto na saúde: aumento de epidemias, desnutrição e doenças crônicas.

Extrativismo x restauração: um dilema ético

O “custo” de perfurar o subsolo amazônico não pode ser medido apenas em barris ou números de royalties. Cada poço aberto significa desgaste irreversível de solos, ribeirões e modos de vida tradicionais. Como destacou o climatologista Carlos Nobre na sessão do Instituto Oswaldo Cruz, já não falamos de projeções: “estamos cada vez mais próximos do colapso climático global”.

Por outro lado, o mesmo território guarda as bases de uma transição justa e regenerativa. Soluções como bioeconomia de base comunitária, manejo participativo das florestas e energias renováveis de baixo impacto oferecem caminhos para reconstruir a relação entre sociedade e natureza. Mas essas alternativas exigem vontade política e investimento em pesquisa, não novos decretos que legalizem a exploração de combustíveis fósseis.

Comunicação científica como ponte

O jornalista Herton Escobar lembra que é papel da ciência “ocupar mais o espaço público e sua função social”. Aqui na Fauna Projetos, acreditamos que levar dados e histórias às comunidades é tão importante quanto gerar novas pesquisas. Comunicar, de maneira clara e convincente, as consequências das escolhas políticas e ambientais é o primeiro passo para mobilizar um futuro diferente.

O momento é agora

Decidir entre um modelo extrativista que enriquece poucos e compromete a saúde coletiva, ou um projeto de restauração ecológica, inclusão social e soberania científica, não é questão de calendário: “o tempo para transição não é 2050, nem 2030. É agora”.  A Amazônia ainda fala, e cabe a nós escutá-la.

Quer aprofundar essa discussão?

Leia mais sobre o assunto na coluna Sou Ciência, da Folha de S. Paulo e junte-se ao diálogo sobre como (e por que) garantir que a saúde planetária comece pela floresta.

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