Eduardo Assad
O Brasil começou a monitorar as queimadas de forma mais sistemática na década de 1980, com o desenvolvimento de tecnologias de sensoriamento remoto e o uso de imagens de satélites. Em 1988 -lá se vão 36 anos- o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) lançou o Programa de Queimadas, que detecta focos de incêndio no território nacional por meio de imagens de satélite.
A partir de 1998, o INPE implantou o Sistema de Monitoramento de Queimadas, que fornece dados em tempo real sobre a ocorrência de focos de calor em várias partes do Brasil, especialmente na Amazônia. Este sistema utiliza imagens de satélites como o NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) e o Terra/Aqua do sistema MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer).
O monitoramento das queimadas é uma ferramenta essencial para avaliar o impacto ambiental, medir o desmatamento e criar políticas públicas voltadas para a proteção da vegetação nativa e a redução dos incêndios. Esse monitoramento teve também o auxílio de outras instituições.
O histórico de monitoramento de queimadas no Brasil é marcado por diversas iniciativas que buscam compreender e controlar as queimadas, especialmente devido ao seu impacto ambiental e social. O país possui uma grande variedade de biomas, como a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica, que são frequentemente afetados por incêndios. Pioneiro neste monitoramento, o INPE contou com a liderança do pesquisador Alberto Setzer, recentemente falecido. Uma perda irreparável para a ciência brasileira.
Além doprojeto de Monitoramento da Queimada no Brasil, o Brasil também conta com o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), desenvolvido também pelo INPE. O SAD utiliza imagens de satélites para detectar e alertar sobre desmatamentos, incluindo queimadas. Esse sistema tem contribuído para o controle e a fiscalização ambiental no país. E mais, o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) realiza ações de combate e monitoramento das queimadas, registrando incidências e penalidades em caso de infrações. Diversos estudos e relatórios acadêmicos têm sido elaborados ao longo dos anos, analisando os padrões das queimadas, suas causas e suas consequências. As queimadas no Brasil têm gerado uma série de críticas, tanto nacional quanto internacionalmente, especialmente em relação à preservação da Amazônia. Políticas públicas têm sido implementadas, mas também criticadas por sua eficácia e por mudanças na legislação ambiental. Recentemente, com o avanço da tecnologia, novos métodos de monitoramento e análise têm sido utilizados, permitindo um acompanhamento mais detalhado das queimadas e seus efeitos.
Com tanta tecnologia e informação, não é possível saber a origem das queimadas?
O monitoramento de queimadas é uma questão crítica para o Brasil, envolvendo aspectos ambientais, sociais e econômicos, além de influenciar a política ambiental no país. No ano de 2024, a maior quantidade de focos de queimadas, foram identificadas, até o momento nos seguintes estados:
Na maioria dos focos identificados, a atividade pecuária predomina. Mais de 50% dos focos foram localizados no Bioma Amazônia. O campeão das queimadas até o momento tem sido o Município de São Félix do Xingu, com perfil predominante de pecuária.
Sim, monitoramos, acompanhamos, identificamos, tentamos apagar o fogo, mas e daí? O que é feito para minimizar essas queimadas?
Um exemplo vivo nas nossas memórias foi o Dia do Fogo em 2019, um evento ocorrido em 10 de agosto daquele ano, no qual um grande número de incêndios florestais foram supostamente iniciados de forma intencional no Estado do Pará. O evento teria sido organizado por fazendeiros locais e proprietários de terra com o objetivo de supostamente mostrar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, reivindicar investimentos e enfraquecer políticas de proteção ambiental na região.
Segundo reportagens, amplamente divulgadas no país, autoridades brasileiras, incluindo a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Polícia Civil do Pará, buscaram a identificação dos supostos responsáveis pelos incêndios criminosos. Apesar da sinalização dessas investigações, tanto a conduzida pela Polícia Federal quanto a conduzida pela Polícia Civil, não resultaram em prisões.
Atualmente a polícia já prendeu mais de 20 criminosos que provocaram incêndios de forma intencional. Pergunta-se: Quem são, de onde vem, quem financia?
Torço para que essas investigações não acabem na famosa “pizza”, que tantas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público fizeram nos últimos anos e não deram em nada. Não saber o porquê desses crimes gera acusações desnecessárias. Vamos torcer para que esta realidade mude. A população brasileira merece respeito e não pode ficar a mercê de criminosos, que arruínam o nosso patrimônio.
E vamos deixar Deus fora disso.