Entre Alertas Climáticos e Novas Perspectivas: Um Novembro de Reflexões e Ações Globais

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Leonor Assad

Novembro está terminando e as festas de fim de ano se aproximam. Cartões de boas festas e programação para as férias de verão começam a fazer parte da lista de tarefas a serem cumpridas. Mas, o futuro do planeta parece cada vez mais em risco.

O mês começou com a notícia que o Copernicus -serviço climatológico europeu-divulgou indicando que 2024 deve ser o ano mais quente desde o início das medições de temperatura, ultrapassando 2023.

Na 19a Reunião do G20, realizada no Rio de Janeiro nos dias 18 e 19 deste mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs a criação na Organização das Nações Unidas (ONU) do Conselho de Mudança do Clima, com o objetivo de acelerar a implantação das medidas acordadas nos fóruns internacionais relativas ao combate às mudanças climáticas. Na Declaração de Líderes do Rio de Janeiro, destacou-se o papel da agricultura “para responder aos principais desafios, como combater a pobreza, acabar com a fome, melhorar a nutrição e, ao mesmo tempo, enfrentar a mudança do clima, a perda de biodiversidade, a poluição e a desertificação”.

Também no dia 18, o Ministério da Fazenda divulgou o Boletim MacroFiscal de novembro com a projeção do PIB de 2024, apontando um crescimento de 3,3%, mas com queda de 1,7% no setor agropecuário. Segundo o Boletim, o setor agropecuário deverá voltar a crescer em 2025, projetando-se um crescimento de 6,0%, prevendo-se novo recorde na safra de soja. E mais, em artigo publicado em 18/11 na Folha de São Paulo, o climatologista Carlos Nobre destaca que os extremos climáticos em cidades como São Paulo têm crescido e tendem a se agravar no futuro: “Isso por conta do crescente aumento da população nas áreas urbanas, do aumento da probabilidade de ocorrências e da maior vulnerabilidade da população, seja pelo seu envelhecimento ou pelo adensamento populacional crescente em regiões de baixa renda”.

E mais, mesmo com muitos alertas, no Azerbaijão, país com grande relevância no mercado de petróleo e membro da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a Conferência do Clima – a COP 29 – se encerrou de forma vergonhosa, pouco antes das três horas da manhã do domingo (24/11), sem uma menção explícita à eliminação dos combustíveis fósseis, conforme acordado na COP 28, realizada em 2023, em Dubai. Ao longo da reunião, Estados Unidos, Canadá, União Europeia, Japão, Reino Unido e outros países desenvolvidos se recusavam a ampliar o financiamento para países em desenvolvimento adotarem práticas de adaptação às mudanças climáticas. Prevista para terminar na sexta-feira (22), somente na madrugada de domingo os negociadores chegaram a um acordo e apresentaram uma meta de 300 bilhões de dólares anuais, até 2035, muito aquém do US$ 1,3 trilhão por ano pleiteado pelos países em desenvolvimento para dar uma resposta ao novo paradigma da crise climática.

Mas algumas ações parecem mostrar boas perspectivas para o ambiente terrestre. Na COP 29 foi finalmente aprovado o mercado global de créditos de carbono o que, estima-se, poderá movimentar cerca de 250 bilhões de dólares por ano. Ainda que na prática trate-se de uma conta de soma zero no que se refere às emissões, uma forma de se obter créditos de carbono será patrocinar projetos de restauração florestal ou de redução do desmatamento.

E mais, a 16ª Conferência das Nações Unidas sobre a Biodiversidade (COP 16), encerrada em Cali, Colômbia, em 1o de novembro trouxe avanços ainda que pontuais para povos indígenas, comunidades afrodescendentes e grupos tradicionais, fortalecendo sua participação na Convenção da Diversidade Biológica (CDB). Realizada a cada dois anos, esse reconhecimento é um passo importante para que as vozes desses povos possam influenciar decisões globais de proteção ambiental. Afinal, eles detêm conhecimentos ancestrais de manejo sustentável da natureza, atualmente imprescindíveis no combate à crise climática.

Mas é fundamental que estes conhecimentos alcancem a população como um todo e, em especial, as novas gerações, que correm o grande risco de terem que pagar pelos danos causados ao ambiente pelas gerações que as precederam. Temos muito trabalho pela frente, no sentido de mudar hábitos de consumo, de uso de recursos naturais e de descarte e reciclagem de materiais. É, portanto, promissor que o tema da redação do ENEM deste ano tenha sido “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. Tema esse que muitos de minha geração não saberiam nem por onde começar.

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