
Durante a COP30, em Belém, um livro foi lançado sem alarde, mas com um peso que ultrapassa o simbolismo do evento.
“Mudanças Climáticas no Brasil, Estado da Arte e Fronteiras do Conhecimento” é mais do que uma publicação científica, é uma tentativa de organizar o que sabemos, reconhecer o que ainda falta e principalmente sugerir caminhos possíveis para um país que vive a crise climática não como previsão, mas como realidade.
A obra, produzida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em colaboração com diversas instituições brasileiras, nasce de uma ideia simples, porém urgente, não dá mais para falar de clima por partes.
É necessário olhar o Brasil como um organismo vivo, diverso, complexo e interligado, onde cada bioma, cada comunidade e cada setor econômico sente de forma diferente os efeitos do aquecimento global.
Um Brasil visto através de múltiplas lentes
O livro reúne pesquisadores de várias áreas, conectando temas que historicamente eram tratados em gavetas separadas.
Ao longo da obra, surge um Brasil real, sem filtros:
- Biomas pressionados, da Amazônia ao Pampa, mostrando que o desequilíbrio já alterou ciclos naturais antes considerados estáveis.
- Zonas costeiras vulneráveis, onde a força do oceano expõe riscos sociais e econômicos que avançam mais rápido que políticas públicas.
- Cidades em transformação, cada vez mais expostas ao calor extremo, a eventos climáticos severos e à desigualdades que se aprofundam.
- Impactos sobre pessoas, saúde, alimentação, segurança hídrica e trabalho, revelando que a mudança do clima é sobretudo uma mudança na vida cotidiana.
Mas o mais importante é o que o livro faz ao final, aproxima essas partes, mostrando que não é possível pensar em adaptação sem pensar em justiça, nem falar de transição sem falar de ciência, nem projetar o futuro sem considerar quem mais sofre no presente.
Uma leitura que provoca mais do que informa
A obra não entrega respostas prontas e talvez essa seja sua maior qualidade.
Ela revela que enfrentar a crise climática exige maturidade política, continuidade de políticas públicas, diálogo entre setores produtivos e, acima de tudo, decisões baseadas em evidências.
Ao mesmo tempo, o livro aponta caminhos:
- políticas de baixo carbono
- ações de adaptação urbana
- fortalecimento da ciência brasileira
- integração entre governos, academia, sociedade civil e empresas
- e uma transição justa que não deixe territórios e pessoas para trás
É um convite à responsabilidade e não apenas ao diagnóstico.
O que esse lançamento representa para o Brasil?
O livro chega com um registro do que sabemos hoje e um mapa ainda em construção do que podemos fazer a partir de agora.
Para empresas, instituições e projetos que trabalham diretamente com sustentabilidade, como a Fauna, a publicação reforça algo que já é evidente: não há futuro possível sem um compromisso real com os territórios, com as pessoas e com a ciência.
Para além das páginas
Este livro é uma peça importante na conversa nacional sobre clima.
Mas seu impacto real dependerá do que fazemos fora dele.
Como traduzimos ciência em políticas?
Como transformamos conhecimento em decisões?
Como deixamos de enxergar o clima como tendência e passamos a vê-lo como condição?
O Brasil tem talento científico, capital natural e potência social.
O desafio e a oportunidade estão em conectar tudo isso.Baixe o PDF do livro aqui.




