Saúde da mulher é questão de RH também

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Alice Assad

 O movimento Outubro Rosa

O câncer de mama é o segundo mais recorrente entre as mulheres. Entre 2020 até o final de 2022, um total de 66.280 mulheres por ano serão afetadas por este tipo de câncer no Brasil. Dá para entender o tamanho dessa briga, não é?

O movimento Outubro Rosa surgiu nos Estados Unidos ainda no século XX, quando um laço rosa foi distribuído para os participantes da primeira Corrida pela Cura que aconteceu em Nova York, em 1990. Nesse início de movimento, as ações promovidas pelos estados eram isoladas e sempre com o intuito de informar e estimular as mamografias. Mais tarde, com a aprovação do Congresso Nacional, outubro se tornou o mês nacional americano para a prevenção da doença. 

Não demorou muito para que os monumentos e edifícios passassem a ser iluminados com a cor – uma linguagem muito compreensível e facilmente replicável. 

Em 2002, foi a primeira vez que um monumento brasileiro foi iluminado de rosa, evento promovido pela iniciativa privada. Até hoje, pouco mais de 20 anos depois, o movimento ganha cada vez mais adesão, sendo celebrado pelos Estados, empresas, escolas e grupos de amigos. Com certeza você já deve ter visto isso de perto ou até participado dele. 

No entanto, em 1995, a Hering já havia lançado a campanha “O Câncer de Mama no Alvo da Moda”, que vendeu naquele ano mais de 400 mil peças, entrando para o livro dos recordes. Originalmente, a campanha é uma criação do estilista Ralph Lauren e replicada em diversos países do mundo. No Brasil, esta foi uma campanha pioneira e de grande relevância no mercado da moda. Um grande exemplo de ações sociais de ESG. 

Direitos: https://www.ocancerdemamanoalvodamoda.com.br/

A ideias das campanhas relacionadas ao câncer de mama, especialmente, durante o mês de outubro, é conscientizar o público em geral, principalmente as mulheres, dos fatores de risco, os de proteção e das medidas de detecção precoce relacionadas ao câncer de mama.

Realmente, a gente acha difícil que o mês de outubro chegue sem que as mulheres parem pelo menos um segundo para pensar se estão com seus exames em dia. 

Ações praticadas

Vamos combinar que se tem uma característica marcante do brasileiro ela é a criatividade, não é? Para relembrar o movimento Outubro Rosa, o que não faltam são ações adotadas pelos adeptos, sejam grupos de amigos, empresas ou entidades públicas. Vemos de tudo por aí! Separamos alguns dos exemplos:

  • O desafio do rosa: a empresa convida todos os colaboradores a vestirem a cor rosa e tirarem fotos que colorem os feeds das redes sociais. E, ainda que as empresas não tomem qualquer ação, os próprios funcionários é que se organizam reservando um dia especial para que todos trabalhem combinando;
  • A iluminação: não é difícil circular pela cidade e ver alguns edifícios, monumentos e até os shoppings “vestindo” rosa. No começo do mês, a gente até fica se perguntando o motivo, mas não demora muito para lembrar que é o mês dedicado à saúde feminina;
  •  Ah, e tem histórias inspiradoras também. Muitas organizações colhem depoimentos de mulheres que venceram a doença. Quase sempre, elas falam sobre suas batalhas, a importância de terem descoberto a doença a tempo de tratá-la ou demonstram arrependimento por não terem prestado mais atenção em si próprias enquanto podiam e como vêm a vida após a doença;
  • Algumas organizações, esportivas ou não, promovem a saúde por meio de uma corrida dedicada ao movimento. Cabem participantes de todos os gêneros, já que a doença, mesmo que menos frequentemente, pode acometer o masculino também;
  •  Um dia inteiramente dedicado à beleza. Muitas empresas promovem em suas estruturas dias dedicados à beleza e ao bem-estar feminino, com tudo o que têm direito: massagem, cabeleireiro, manicures, pedicures e, ainda, encaixam na programação palestras educativas sobre o tema;
  •  Mutirão de mamografia: não raro, vêem-se órgãos públicos ou privados de saúde, eventualmente com o fomento da iniciativa privada, subsidiando exames preventivos de rastreio da doença. Uma forma bem efetiva de ajudar as mulheres e ir direto ao ponto.

Como se proteger

Se você quer diminuir suas chances de entrar para a estatística, anote essas dicas:

Em média, mais de 60 mil mulheres são acometidas por ano pelo câncer de mama. Destas, 28% poderiam ter sido evitados por meio de hábitos de vida mais saudáveis. 

  • Tente manter o peso corporal saudável;
  • Seja fisicamente ativa;
  • Evite bebidas alcoólicas;
  • Mantenha uma alimentação saudável, diminuindo o consumo de alimentos ultraprocessados;
  • Fique longe do cigarro;
  • Amamente até o 6° mês de forma exclusiva e, se possível, até os dois anos ou mais;
  • Evite exposições a agentes cancerígenos no trabalho. 

Diversas atividades econômicas e ocupações expõem as mulheres a um risco mais elevado de desenvolverem o câncer de mama em algum momento da vida. Profissões como técnicas de radiologia, agricultoras e plantonistas noturnas em geral são as categorias mais propensas a isso. Os casos dessas mulheres são totalmente evitáveis com a eliminação dos principais agentes cancerígenos no ambiente de trabalho e somam 5,13% do total. 

Reflexão

Durante o mês de outubro, mulheres são relembradas sobre sua saúde, seja por meio das ações executadas por suas empresas, eventos públicos e privados e até ações realizadas entre amigos. E, convenhamos, quem é que não gosta de se sentir um pouco cuidada ou participar de um dia todinho dedicado ao seu bem-estar?

Todas as ações são muito válidas e não há como questionar. Se uma única mulher se conscientizar a respeito da sua saúde e conseguir se prevenir em relação ao câncer de mama, tudo já terá valido a pena… Mas será que tudo isso é suficiente para preservar a vida das mulheres?

A discussão acerca da vida das mulheres também passa pela equidade de gênero – e não falamos apenas do número de mulheres atuantes nas empresas, igualdade salarial ou a presença em cargos de liderança, mas em camadas mais profundas como a compreensão e respeito às diferenças.

Quem nunca ouviu um comentário tóxico no ambiente de trabalho sobre uma colaboradora que engravidou ou precisou se ausentar para tomar conta do seu filho doente?

É muito frequente assistir a mulheres sendo demitidas durante sua licença maternidade ou logo depois do seu retorno. Se você é mulher e já esteve em licença-maternidade, certamente se perguntou em algum momento se seu lugar foi ocupado por alguém ao término da licença ou se renderia o tanto que se espera de você. Mesmo que a demissão não tenha acontecido, são raras as empresas que oferecem um ambiente adequado, por exemplo, para que se faça a ordenha do leite materno para o filho que ficou em casa. Se há tempo disponível para a extração, ainda há dúvidas se o correto é optar por usá-lo para tal fim ou trocá-lo por 1h a menos no expediente nos primeiros quinze dias. E seja qual tenha sido a escolha, ela vem acompanhada por narizes torcidos dos superiores, incluindo as próprias mulheres.

Mesmo que falemos de mulheres que não sejam mães, com atribuições das funções dos cargos ocupados por elas, está sempre oculta a necessidade de estar constantemente reafirmando as suas importância e competência, ainda assim não havendo paridade salarial. Uma mulher que é uma excelente profissional precisa de muito mais esforços para convencer seus superiores e pares de suas capacidades do que um homem com as mesmas qualidades. Esta é mais uma carga mental diretamente ligada à saúde dessas pessoas e que poderia ser evitada com políticas públicas ou internas que respeitem a equidade de gênero. 

E quando falamos em mulheres, precisamos abranger todos os gêneros e orientações sexuais existentes. Todas as pessoas estão suscetíveis a serem vítimas do câncer de mama.

É fato, a necessidade dos exames periódicos existe e não há como discutir. As ações são muito importantes, mas são só mais uma dessas diferenças a serem respeitadas. 

Mais que ações de conscientização especificamente relacionadas à prevenção ao câncer de mama, cuide das colaboradoras da sua empresa e entenda suas necessidades. Muitas vezes, as próprias mulheres se esquecem de tudo isso quando exercem cargos de liderança, justamente para que sigam reafirmando sua importância, muitas vezes, masculinizando suas atitudes para que sejam reconhecidas como boas líderes. 

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