Um novo ciclo na Igreja: Papa Leão XIV e o compromisso com a Casa Comum

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Por: Alice Assad

Na última semana, o mundo assistiu à escolha do novo líder da Igreja Católica: Papa Leão XIV. O anúncio não apenas marca uma nova etapa espiritual para mais de 1,4 bilhão de católicos, mas também acende uma importante esperança para aqueles que lutam contra a crise climática e pelo futuro do planeta.

Ao longo de sua trajetória, o agora Papa Leão XIV demonstrou uma postura firme em defesa do meio ambiente. De acordo com a cobertura da Folha de S.Paulo, seu histórico inclui declarações e ações alinhadas à necessidade de enfrentamento das mudanças climáticas e à promoção da justiça ambiental, com forte inspiração nos princípios da Laudato Si’, encíclica do Papa Francisco que revolucionou o discurso da Igreja sobre ecologia integral.

Para muitos ambientalistas, sua eleição representa a permanência de um dos aliados mais relevantes no enfrentamento à crise climática, como destacou o Correio Braziliense:

“O Papa tem autoridade moral e voz global. Ter alguém comprometido com a justiça ecológica e social no Vaticano é estratégico em um mundo ainda tão desigual e poluído” — Tatiana Campos, ativista e articuladora da rede Faith4Climate.

A continuidade de um legado: de Francisco a Leão

A encíclica Laudato Si’, publicada em 2015, posicionou a Igreja Católica como um ator central no debate ambiental. Francisco propôs uma visão de “ecologia integral”, conectando o cuidado com o planeta à dignidade humana e à justiça social. Afirmou com clareza que “tudo está interligado”, denunciando o consumismo, a destruição dos ecossistemas e a indiferença diante do sofrimento dos mais pobres.

A chegada de Leão XIV traz uma continuidade essencial a esse legado. Conforme apontado pela análise publicada n’O Eco, o novo Papa representa uma voz articulada e influente que pode atuar como ponte entre ciência, fé e ação. Sua liderança é fundamental em um momento em que o planeta enfrenta perdas irreparáveis, como as reportadas no último Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, que indica que perdemos mais de 8,5 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos cinco anos.

A primeira mensagem pública de Leão XIV, dirigida ao mundo a partir da sacada da Basílica de São Pedro, já deixou evidente seu norte pastoral:

“Trabalhemos por uma justiça que una os gritos da terra aos gritos dos pobres. Não há paz onde há destruição ambiental, não há futuro sem reconciliação com a criação.” — Papa Leão XIV.

O novo Papa reitera, assim, o conceito de ecologia integral inaugurado por Francisco, conectando meio ambiente, economia, espiritualidade e relações humanas.

O Papa da Amazônia

Leão XIV tem sido chamado, inclusive, de “o Papa da Amazônia”. O embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Domingos Ferreira, revelou ao G1 a intenção de convidar o pontífice para participar da COP do Clima de 2025, caso o evento seja realizado no Brasil:

“É um Papa sensível à questão climática e ao sofrimento dos povos da floresta. Ele conhece a realidade amazônica e quer ouvi-la. Sua presença na COP seria histórica” — Domingos Ferreira, embaixador do Brasil junto à Santa Sé.

Essa aproximação não é simbólica. Em tempos em que a Amazônia e o Cerrado seguem pressionados pela conversão de vegetação nativa em pastagens e lavouras, como mostra o RAD 2023, a palavra do Papa pode ser decisiva para influenciar políticas públicas, consumidores e investidores.

Um influenciador de 1,4 bilhão de fiéis

A liderança religiosa tem capilaridade única. A escolha de um Papa com sensibilidade ecológica reforça o papel da espiritualidade como força mobilizadora global. Com mais de 1,4 bilhão de católicos no mundo, a Igreja tem presença ativa em comunidades urbanas, rurais e tradicionais — onde a agenda ambiental precisa ser traduzida em justiça cotidiana, acesso à água, preservação dos modos de vida e apoio à agricultura de baixo carbono.

O pontificado de Leão XIV é uma oportunidade única de consolidar essa mensagem, mobilizando não apenas governos, mas também fiéis, empresas e jovens para atuarem pela regeneração da Terra.

Ter um defensor dessa agenda no centro do Vaticano ajuda a:

  • Reforçar o papel da fé na construção de uma nova ética ecológica;
  • Estimular a atuação de dioceses, paróquias e movimentos católicos na preservação de biomas e territórios ameaçados;
  • Dialogar com lideranças políticas e econômicas sobre justiça climática, financiamento da transição ecológica e proteção dos povos vulneráveis;
  • Inspirar o engajamento da juventude católica no ativismo climático e em práticas sustentáveis.

Um momento de oportunidade

Leão XIV surge em um momento decisivo, em que o colapso climático não é mais hipótese, mas realidade. Ainda assim, sua figura nos lembra que há caminho, há diálogo e há futuro — desde que nos comprometemos com ações profundas e coletivas.

Como escreveu Francisco, “tudo está interligado”. Com Leão XIV, essa interligação se traduz em mobilização global. Que essa nova etapa do Vaticano inspire a sociedade civil, os governos, os mercados e cada um de nós a agir, com coragem e com ternura, pela preservação da vida em todas as suas formas.

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