Essa é uma estratégia limitada a um grupo que pode escolher o que comer; conheça outras ações mais efetivas.
Nos últimos 150 anos a quantidade de gases do efeito estufa na atmosfera aumentou significativamente agravando a temperatura da Terra¹. No Brasil, país de dimensões continentais, com grande diversidade ambiental e cultural e com cerca de 110 milhões de hectares de pastagens em algum estágio de degradação (área equivalente à dos Estados do Mato Grosso e de Rondônia), o consumo de carne bovina tem sido apontado como uma das causas das mudanças no clima no país. Afinal, pastagens degradadas, além de serem pouco produtivas, emitem CO 2 .
Só que não comer carne é uma estratégia limitada a um grupo que tem o que comer.
O Panorama Regional de Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e no Caribe de 2022, divulgado em janeiro de 2023 pela FAO, aponta que 15,4 milhões de brasileiros se encontram em situação de insegurança alimentar grave, ou seja, passam fome e não podem escolher o que comer. O estudo realizado pelo Imaflora em parceria com o CEBDS que teve a Fauna como membro do conselho científico traz exatamente este diagnóstico das cadeias agroalimentares e os desafios de combate ao desmatamento.
Para “salvar” o planeta não basta cortar ou diminuir o consumo de carne. É preciso mudar nossa relação com o ambiente no qual vivemos, como:
- Frear o desmatamento, que, na maioria das vezes, visa a expansão de atividades agrícolas, mineradoras e de exploração de madeira;
- Usar cada vez mais a regra dos 3Rs (reduzir; reutilizar e reciclar); consumir alimentos produzidos localmente e na estação;
- Diminuir o consumo de roupas e outros bens, que muitas vezes não são necessários Plantar árvores, muitas árvores, para compensar as nossas emissões pessoais de GEE;
- Praticar mais o consumo consciente e entender que nosso comportamento tem impacto direto no ambiente.
Além disso, empresas precisam assumir as responsabilidades ambiental, social e de governança definindo metas que tenham impacto positivo e avaliar constantemente estratégias que permitam desempenho com base na sustentabilidade corporativa. Neste sentido, a primeira ação é entender o quanto uma empresa está emitindo de gases de efeito estufa na atmosfera e, por consequência, o tamanho deste impacto.
O que é o Método GHG e como mensurar a quantidade de efeito estufa de
uma empresa?
O método GHG Protocol é uma ferramenta de mensuração da quantidade dos gases de efeito estufa de uma operação, seja ela de pecuária, silvicultura, lavoura e empresas. A partir de um levantamento de informações operacionais, é possível obter o resultado de emissões de gases de efeito estufa e, a partir dessa informação, avaliar o cenário para implementação de estratégias de redução e mitigação do impacto. Em alguns setores produtivos brasileiros, é o obrigatório realizar o balanço anual de emissões. Na pecuária, alguns frigoríficos estão bonificando produtores de gado que tem a rastreabilidade de origem e de emissão de gases de efeito estufa da sua produção.
O próximo passo é tornar uma regra de mercado.
Mas para isso acontecer, quem paga pelo serviço e/ou produto precisa escolher quem está atuando corretamente e ainda, cobrar mais transparência e responsabilidade das empresas, independentemente do setor de atuação.
Portanto, parar de comer carne não vai salvar o mundo.
E sim, uma valiosa contribuição nessa empreitada é escolher conscientemente qual carne comer.
¹ Mudanças climáticas, aquecimento global, gases de efeito estufa e sustentabilidade ambiental são termos comuns atualmente em discussões científicas, bem como de políticas públicas e de iniciativas de setores privados, particularmente daqueles que envolvem ações que dependem diretamente do ambiente. Clima deixou de ser assunto de especialistas, ganhou espaço na mídia e se tornou tema de conversas informais.
As mudanças climáticas são causadas pelo aumento da temperatura na Terra, causado por gases que provocam o efeito estufa. Os principais gases de efeito estufa (GEE) são o gás carbônico (CO 2 ), o metano (CH 4 ) e o vapor d’água (H 2 O). Eles formam uma barreira de gás, que se estende da superfície da Terra em direção ao espaço e impede que a energia do sol, absorvida pela Terra durante o dia, seja emitida de volta para o espaço. Ou seja, o calor fica “aprisionado” próximo da Terra, onde o ar é mais denso, com isso, a temperatura média do planeta fica em torno de 15°C. É o chamado efeito estufa, fundamental para garantir a presença de água na forma líquida e a vida no planeta.